A SUSTENTÁVEL LEVEZA DA ARTE
Janeiro chegou e deu novo rumo à exposição
Museu do Prado itinerante. A bússola apontou o caminho em direção à EB 1/JI das
Águas Livres e a arte, com leveza, seguiu até lá.
Nesta penúltima viagem da exposição por
estabelecimentos do Agrupamento de Escolas da Damaia, foram 150 as crianças e
mais de 13 os profissionais que puderam apreciar as telas. Durante uma semana, o
corredor principal tornou mais lento o acesso à brincadeira do recreio. Era
inevitável parar e conviver com os quadros. Quem por aquele corredor passava
desviou seguramente o olhar até às históricas telas da pintura europeia. O
tempo começava com o Autorretrato de Dürer, nos finais do século
XV, e só parava com Sorolla, no alvor do século XX. Uma visita guiada, grupo a
grupo, foi proporcionada às duas salas do jardim de infância, ao 1.º A, 1.º B,
3.º A, 3.º B, 4.º A, 4.º B e 4.º C, complementando-se, desse modo, o livre
acesso à arte. Em torno da exposição do Prado foram e estão a ser feitos
trabalhos diversos quer pelas crianças do jardim de infância quer pelos alunos
do 1.º ciclo, tendo, neste último caso, ficado a coordenação das atividades a
cargo dos docentes de Educação Visual que integram o projeto de Ensino em Par
Pedagógico.
Para os que têm acompanhado de mais perto
a itinerância do Prado tem sido um privilégio reencontrar, entre as afamadas
telas, profissionais e amigos do Agrupamento, bem como conhecer novos colegas,
assistentes e tantas crianças. A arte tem também sido um meio de socialização.
Nesta etapa do circuito, foi notória a resistência
das paredes do edifício principal e a mão de obra teve de ser especializada. É
caso para dizer que tão difícil foi montar a exposição como difícil foi retirá-la
das Águas Livres. Até à data, a surpresa de quem recebe a coleção tem assinalado
o momento da chegada, desta vez, nas Águas Livres, acumulou-se o desencanto de
quantos assistiram à saída dos quadros.
No dia 18, ia encerrar, conforme o
previsto, a exposição; porém, durante o embalar das telas, já desnudas as
paredes, como se não tivessem sido suficientes os primeiros sinais de desacordo
de alguns transeuntes, soaram em momentos distintos duas vozes femininas, qual
mestra e qual aluna, que não hesitaram em assinalar o lapso iminente de se
privar o 3.º B de ver a exposição. Graças à sustentável leveza da arte, em
tempo record, foram as telas devolvidas às robustas paredes. O súbito regresso
dos quadros desfez até a timidez de uma aluna, oriunda do Oriente, que sozinha andava pelo museu recentemente
desfeito. Depressa o seu silêncio abriu exceção a um lacónico inglês e à
satisfação de voluntariamente ajudar a repor os quadros na galeria das Águas
Livres. A leveza de um ser juntou-se à leveza da arte e, às 13h30, tudo voltou
a estar pronto para que o último grupo de crianças e respetivo par pedagógico
de professoras pudessem apreciar a exposição e ouvir narrativas que vivem nas
telas e outras que fazem parte da vida dos pintores, das pintoras e do próprio
Museu do Prado. Ficara, assim, adiada só para o dia seguinte a partida da exposição.
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